sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

RUMO AOS 300 ANOS





O BRASIL DE 1717

Quem conhece a região de Aparecida dos dias atuais e sabe como é o Brasil neste começo do século XXI pode ter dificuldade em imaginar como se viva por aqui em 1717. No lugar da principal estrada do país – A Rodovia Presidente Dutra -, existia a Estrada Real, que não passava de um caminho de cavalos. Aliás, o percurso que fez naquele mesmo ano o então governador da capitania de São Paulo e das Minas de Ouro foi outro. A viagem, que era penosa, começou no Rio de Janeiro, continuou pelo litoral por vários dias até a chegada a Santos, de onde se subia a serra rumo a São Paulo. De lá, o governador ia para Minas, atrás do ouro, mas precisava passar pela Vila de Guaratinguetá. Não podia imaginar o então Conde de Assumar que algo completamente novo ia acontecer por causa da pescaria que foi marcada para fornecer peixes para o banquete que lhe seria servido.


Para se ter melhor ideia do Brasil daquele tempo, é preciso saber da crise do ouro, entre 1710 e 1740, que fez o rei de Portugal colocar homens duros, como Dom Pedro de Almeida e Portugal, numa região rica da colônia. E isso, óbvio, com o objetivo de aumentar a arrecadação. Pouco interessava a Som João V e ao Conde de Assumar a pobreza generalizada dos moradores da então Vila de Guaratinguetá.


Como entreposto para abastecer viajantes e as tropas que por aí passavam, a região só contava porque era ligação entre o ouro e o mar. Terra de exploração. É o melhor modo de caracterizar o Brasil daquela época. Explorados eram os seus habitantes que podiam ser açoitados ou até enforcados, como foram uns tantos quando o governador passou aqui, em outubro de 1717. Explorados eram os escravos que serviam  aos donos das terras. A violência era a forma natural de forçar à obediência e de podar revoltas. Elas plantavam a odeia de independência.

Entendida assim aquela época, o encontro da imagem de Nossa Senhora ganha um significado amplo. A santa não só veio responder à religiosidade dos abandonados, como fez crescer a esperança de tempos melhores dos quais a liberdade e a capacidade de sobrevivência digna seriam conquistas necessárias.

A libertação de todo tipo de escravidão faz parte do ato redentor do Crucificado. Não podia deixar de ser, também essa, a missão de sua Mãe. Ela participa desse ato. Assim como cada um de nós.

Fonte: Revista de Aparecida - Dezembro 2014 - Pe. Cesar Moreira C.Ss.R. 

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